Os assustadores casamentos fantasmas na China revelam um mercado secreto
A prática milenar de casamentos póstumos esconde um comércio ilegal de corpos.
Na China, uma antiga tradição conhecida como mínghūn ainda persiste, envolvendo casamentos onde pelo menos um dos envolvidos já não está entre os vivos.
Essa prática reflete crenças profundamente enraizadas sobre o papel do casamento na vida após a morte, sendo vista como uma maneira de honrar os mortos e garantir que eles não permaneçam solteiros no além.
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Ao contrário dos matrimônios convencionais, o casamento fantasma desafia o tempo e as normas sociais, com histórias de cerimônias que ocorrem tanto na vida quanto na morte.
Embora formalmente banida, essa prática ainda sobrevive em áreas rurais, alimentando um mercado negro onde criminosos lucram vendendo corpos para cerimônias matrimoniais póstumas.
Esse comércio ilegal revela as complexas interações entre tradição, superstição e a economia subterrânea.
Relatos indicam que algumas famílias ainda buscam esses casamentos para trazer paz ao espírito dos falecidos e assegurar a continuidade do legado familiar.
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Essas histórias oferecem uma janela para entender como antigas práticas culturais podem persistir em face da modernização e das mudanças sociais.
O mínghūn levanta questões sobre como as tradições podem se adaptar ou resistir às pressões da era contemporânea.
Descubra na lista a seguir os detalhes surpreendentes sobre os casamentos fantasmas na China e como essa tradição se mantém viva nos bastidores da sociedade.
Como tudo começou
Na cultura chinesa, o mínghūn, ou casamento fantasma, é uma prática que remonta a tempos antigos.
Diferente dos casamentos tradicionais, esta união é destinada a indivíduos que já faleceram.
Acredita-se que essa tradição tenha começado há milhares de anos, servindo como uma ponte entre o mundo dos vivos e dos mortos.
As origens obscuras da tradição
A verdadeira origem dos casamentos fantasmas permanece um mistério, com algumas teorias sugerindo que a prática surgiu há cerca de 3.000 anos, enquanto outras datam do século XVII a.C. Esta antiga tradição reflete a complexa relação que a sociedade chinesa tinha com a morte e o pós-vida.
Motivos por trás dos casamentos póstumos
As razões para realizar casamentos póstumos variavam.
Para as famílias de mulheres falecidas, casar suas filhas após a morte era uma forma de evitar a vergonha social de ter uma filha solteira.
No caso dos homens, o objetivo era garantir a continuidade da linhagem familiar através de descendentes adotados pela esposa do falecido.
Outras razões para casamentos póstumos
Algumas famílias realizavam casamentos fantasmas para assegurar que um irmão mais novo não se casasse antes do mais velho, respeitando a hierarquia familiar.
Essa prática demonstra a importância dos laços familiares e das tradições dentro da cultura chinesa.
Crenças e superstições em torno da prática
As superstições relacionadas aos casamentos fantasmas afirmam que os mortos continuam a viver em outro plano e, por isso, precisam completar suas vidas matrimoniais mesmo após a morte. “Para muitos, casar após a morte é tão necessário quanto em vida”, explica Huang Jingchun, especialista em cultura chinesa.
As mulheres e os casamentos espirituais
As mulheres que estavam noivas e perdiam seus parceiros muitas vezes participavam do funeral e viviam celibatárias com a família do noivo falecido.
No entanto, não há registros de que essa expectativa se aplicasse igualmente aos homens na cultura tradicional chinesa.
Como se desenrola a cerimônia
Durante um casamento fantasma, caso um dos noivos esteja falecido, a pessoa é representada por figuras simbólicas feitas de bambu ou pano, vestidas em trajes nupciais tradicionais.
Quando ambos os noivos estão mortos, são usadas tábuas espirituais, e seus corpos são sepultados juntos, simbolizando a união eterna.
Aspectos religiosos dos casamentos fantasmas
Segundo Ping Yao, historiador da Universidade Estadual da Califórnia, esses casamentos são realizados como um dever familiar e refletem os valores confucionistas de lealdade à família.
O confucionismo, com suas raízes na China antiga, destaca a importância dos laços familiares e do respeito aos ancestrais.
Proibição dos casamentos fantasmas
A prática dos casamentos fantasmas foi oficialmente proibida na China Imperial e novamente pelo governo comunista em 1949.
Apesar disso, a tradição persiste em áreas rurais, onde é vista como parte integrante da cultura e ainda é praticada clandestinamente por algumas comunidades.
A contínua prática ilegal
Mesmo com a proibição, os casamentos fantasmas continuam a ocorrer em algumas regiões rurais da China, onde são aceitos como parte do folclore local.
Esta prática continua a alimentar um mercado negro onde corpos são comprados e vendidos para cerimônias póstumas.
A oração do casamento pós-morte
Durante a cerimônia, uma oração especial é realizada para unir os espíritos dos noivos.
A oração reflete o desejo de companhia para os mortos e é acompanhada por oferendas e alimentos, simbolizando o banquete de celebração para os espíritos.
O desequilíbrio entre gêneros
Na China, encontrar uma noiva fantasma é um desafio devido à disparidade de gênero, com um número maior de homens em comparação com mulheres.
Esta situação é ainda mais complicada em áreas rurais, onde muitas mulheres deixam suas comunidades em busca de oportunidades urbanas.
A escassez de mulheres aumenta a procura
Províncias como Shanxi e Shaanxi, onde a mineração de carvão predomina e a população feminina é reduzida, veem um aumento na procura por corpos femininos, transformando-os em uma mercadoria valiosa no mercado ilegal.
Corpos femininos: uma mercadoria valiosa
O comércio de corpos femininos é tão intenso que, quando uma jovem falece, várias famílias disputam seu corpo para casá-lo com seus filhos mortos.
Essa situação leva a leilões, onde o corpo da falecida é vendido para o maior lance.
Os leilões e a venda de corpos
Leilões de corpos ocorrem em comunidades onde a prática é aceita, resultando em transações clandestinas e negócios lucrativos.
Esses leilões têm impacto significativo nas famílias, que pagam valores elevados para garantir uma esposa póstuma para seus filhos.
Aumento do mercado negro de casamentos
Há três décadas, um corpo feminino custava cerca de 5.000 yuans, mas os preços dispararam ao longo dos anos.
Hoje, o comércio ilegal de casamentos fantasmas inclui roubo de túmulos e, em casos extremos, assassinatos para atender à demanda por noivas póstumas.
Um pai em luto busca uma noiva fantasma
Em 2009, um pai da província de Shaanxi pagou quase 5.000 dólares a ladrões de túmulos para obter uma noiva para seu filho falecido.
Este exemplo ilustra até que ponto algumas famílias estão dispostas a ir para cumprir a tradição.
Atividades criminosas associadas ao comércio de corpos
Em 2013, quatro homens foram presos por roubar corpos de mulheres para vender no mercado ilegal de casamentos fantasmas.
Este comércio gera lucros consideráveis e continua a ser uma ameaça nas áreas onde a prática é aceita.
Escavação de sepulturas e o comércio de corpos
Casos de roubo de sepulturas, como o ocorrido em 2014 na província de Shandong, demonstram a tenacidade do mercado negro.
Mais de 11 pessoas foram presas por desenterrar corpos de mulheres, uma prática que persiste apesar dos esforços das autoridades.
A busca por corpos mais recentes
Para os envolvidos no comércio ilegal, corpos recém-falecidos são altamente valiosos, enquanto cadáveres antigos têm pouco valor.
Essa demanda crescente tem levado a crimes cada vez mais audaciosos na busca por “noivas frescas”.
Escavações ilegais em busca de noivas
O ano de 2015 testemunhou o roubo de corpos de 14 mulheres na província de Shanxi.
Esse crime em série ilustra a dimensão do mercado negro de casamentos fantasmas e o quanto os criminosos estão dispostos a arriscar por lucro.
Os preços exorbitantes dos corpos femininos
Pesquisas da Universidade de Xangai revelam que, em média, o preço de um corpo feminino varia de 30.000 a 50.000 yuans, podendo atingir até 100.000 yuans.
Esse mercado lucrativo continua a ser alimentado por tradições e superstições antigas.
Crimes hediondos no comércio de corpos
Em 2016, um homem chamado Ma Chonghua cometeu assassinatos para vender os corpos das vítimas a 40.000 yuans cada.
Estes crimes destacam a brutalidade e a desumanidade que podem surgir do desejo de seguir tradições a qualquer custo.
Os casamentos fantasmas além da China
Embora os casamentos fantasmas sejam mais comuns em áreas rurais da China, a prática também é relatada em comunidades chinesas em países como Singapura e Taiwan.
Esta continuidade demonstra o poder das tradições culturais, mesmo fora de seu contexto original.